- Editora: Maria Bernadete Ramos Flores
- Editor: Mercado de Letras
- Exemplar: 9788575911594
A arte não é apenas política quando estetiza a propaganda do estado ou quando se engaja na tematização de problemas sociais de uma determinada época. Não se trata, portanto, aqui, de pensá-la a partir do nó que até recentemente amarrou esta relação: o da politização da arte ou da estetização da política. Para Jacques Rancière, há uma estética na base da política. Mas não apenas. A própria arte, na medida em que ela concerne a uma partilha do sensível, é já política. Isso quer dizer que a arte é indissociável da partilha simbólica da palavra, do tempo e do espaço. O que ela coloca em questão é justamente os modos como se configuram esta partilha e os seus limites. Interessa, assim, pensar apoliticidade própria à arte, aos movimentos intelectuais artísticos a partir do modo como eles atuam sobre a reconfiguração desta partilha e sobre as redistribuições simbólicas da palavra, do tempo e do espaço.